Na última semana,
conhecemos a história real de R. (clique AQUI),
homem de 38 anos que apresentou inicialmente sintomas semelhantes a uma
"virose" após uma infecção corriqueira por conta de uma cirurgia para
a correção de hérnia. Porém, R. descobriria na semana seguinte que o caso era
muito mais sério. Ao perceber o aumento dos gânglios linfáticos da garganta,
sintoma comumente negligenciado, seu médico solicitou uma biópsia, exame que
seria fundamental para os fatos que se seguiriam.
Alguns fragmentos foram extraídos dos gânglios
de R. e enviados para um Médico Patologista. Analisando estes gânglios ao
microscópio, o patologista pôde observar a presença de muitos linfócitos
anormais. Os linfócitos são glóbulos brancos que em situações normais auxiliam
na defesa do nosso organismo, entretanto, quando sofrem mutações, podem dar
origem ao câncer conhecido como Linfoma. Existem mais de 50 tipos de linfoma,
com várias possibilidades de tratamento e cura. Para que a terapia correta seja
realizada, é necessário que diagnóstico classificação do linfoma sejam precisos,
atribuição exclusiva do médico patologista.
Uma vez identificados os
linfócitos anormais no gânglio de R., o patologista lançou mão de uma técnica
especial chamada imunoistoquímica. Esta técnica, em conjunto com o todo o
conhecimento sobre a doença e sobre o quadro clínico de R., possibilitou
classificar o tumor como um Linfoma não-Hodgkin de células T. Em algumas
situações, além da imunoistoquímica, o patologista estuda alterações genéticas
específicas que permitem definir exatamente qual o subtipo da doença.
Por conta disso, a atuação
do “profissional do diagnóstico” foi mais uma vez fundamental, pois
possibilitou a escolha da melhor estratégia na luta contra a doença de R. Este
profissional estuda pelo menos nove anos para adquirir as habilidades
necessárias para realizar este e muitos outros diagnósticos. As etapas médicas
desempenhadas pelo patologista são essenciais para determinar o tipo e a
extensão das doenças.
Com base nessas
informações, sabendo exatamente o tipo de linfoma e o quanto ele já tinha
atingido o organismo de R., o hematologista pôde então indicar o tratamento
mais adequado e com maiores chances de fazer os linfócitos anormais
desaparecerem.
R. nunca imaginou que
poderia ter uma doença tão rara e agressiva, mas, mesmo assustado com o
diagnóstico, conseguiu juntar forças para encarar o câncer e iniciar o seu
tratamento.
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Setembro é o mês no qual é
comemorado o Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas (15/09). Esse texto
é o segundo de uma série especial sobre a doença, realizada pela SBP em
parceria com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). A história
de R. é real e se repete todos os dias no Brasil. Na próxima semana você vai
acompanhar a conclusão desse relato, com o início e o desfecho do tratamento.