No texto anterior,
conhecemos o Pedro (Clique AQUI), um homem de 55 anos que sempre relutou
em realizar qualquer tipo de exame de rotina. Por preconceito e até mesmo com
vergonha do que as pessoas poderiam pensar, ele nunca falava
sobre assuntos que envolvessem a saúde masculina, muito menos sobre ir
ao urologista.
Por insistência de seus
filhos, ele acabou cedendo e foi convencido a procurar o especialista para uma consulta de rotina. O médico precisou usar toda a sua
persuasão para convencê-lo a realizar o exame de toque retal, fundamental para verificar a consistência da próstata, tamanho e possíveis tumores. Ele
só cedeu quando aceitou que o procedimento
ajudaria a diagnosticar qualquer problema precocemente, aumentando as chances
de cura e reduzindo possíveis sequelas.
Submetido ao toque retal,
ele descobriu que não era nenhum bicho de sete cabeças, mas um exame rápido que
causou apenas um leve desconforto. Foi graças a ele que o urologista logo notou a presença de
um nódulo endurecido na próstata e solicitou uma biópsia. Assustado, Pedro achava que essa solicitação já
significava que ele estava com câncer.
Para tranquilizá-lo, o especialista disse que a amostra retirada seria para
verificar algum indício de alterações que pudessem evoluir para um tumor.
A amostra do nódulo foi
retirada dois dias depois pelo próprio urologista. Após uma sedação que
permitiu que Pedro passasse pelo procedimento sem dor, foi inserida uma agulha especial
com o auxílio de um transdutor apropriado que guia a biópsia por meio da ultrassonografia.
Em alguns minutos, foram recolhidos pelo menos 12 fragmentos da glândula.
À espera do diagnóstico
Depois da biópsia,
Pedro se recuperou rapidamente da sedação sendo
liberado para ir para casa. Foi informado que receberia o laudo em 48 horas.
Pedro ficou muito ansioso pelo resultado, pois jamais imaginaria que logo em
sua primeira consulta seria detectado algo. Ele recebeu apoio de toda a sua
família, mas insistiu pelo sigilo sobre o assunto e não contou para os amigos.
Mesmo tendo superado o preconceito inicial, ele ainda se sentia constrangido
com a situação.
Pedro pediu ao filho mais velho que pesquisasse no Google sobre
o câncer de próstata, pois estava
aflito e queria saber o que iria acontecer com aqueles fragmentos que foram retirados.
O filho informou a ele sobre um amigo patologista,
médico especialista responsável pela análise desse material e pelo diagnóstico e
disse que iria entrar em contato com o colega para buscar mais informações e sanar
todas as dúvidas.
Algumas horas depois, tanto Pedro quanto seu filho foram
informados de que os fragmentos retirados passariam por um processo específico e quase
artesanal.
Os fragmentos seriam colocados em fixador adequado,
com uma solução química composta por uma concentração específica de formol
tamponado que preserva as células do tecido retirado até ser encaminhado ao
laboratório de patologia. Essa etapa
de fixação seria fundamental para os testes que seriam aplicados futuramente à
amostra, para determinar o tipo de célula que originou o tumor, assim como
definir o melhor tratamento.
No laboratório, as biópsias passariam pelo processamento
histológico, em que os fragmentos são submetidos a um tratamento com várias
substâncias químicas. No final deste processo, os fragmentos seriam misturados
à parafina formando um bloco sólido contendo aqueles fragmentos de tecido. Tudo
isso seria feito para que fosse possível colocar cada bloco sólido de parafina
contendo o tecido em um equipamento chamado micrótomo, responsável por realizar
cortes extremamente finos.
Os cortes, com espessura microscópica, seriam colocados
em lâminas de vidro e coradas, o que permitiria ao médico patologista analisar minunciosamente o material em um microscópio e
identificar possíveis alterações patológicas, como tumores ou infecções.
Apenas um olhar treinado e especializado poderia
identificar essas caraterísticas e gerar um laudo anatomo-patológico, considerado um dos documentos mais
importantes da medicina. Com base nisso, o urologista
saberia o motivo daquele nódulo que foi sentido ao toque retal e poderia
escolher o melhor tratamento para Pedro.
Ele recebeu essas informações e agradeceu ao amigo
do filho, que se colocou à disposição para esclarecer mais dúvidas que
surgissem. Um pouco mais tranquilo por saber exatamente os processos envolvidos,
Pedro não tinha mais nada o que fazer além de aguardar.
Na semana que vem você vai saber mais sobre como o patologista realiza essa análise para
chegar ao diagnóstico. Aguarde!
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Esse texto é
o segundo de uma série especial em apoio ao Novembro Azul, uma campanha dirigida à sociedade e, especialmente,
aos homens para a conscientização da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata.
A história
de Pedro é fictícia, mas acontece diariamente com incontáveis brasileiros. A
Sociedade Brasileira de Patologia apoia o Novembro
Azul!
Fonte: Dra. Kátia Ramos Moreira Leite - Profa.
Associada do Departamento de Cirurgia, Disciplina de Urologia, Laboratório de
Investigação Médica – LIM55, Faculdade de Medicina da USP, Genoa
Biotecnologia.