Segundo dados do INCA, para
o ano de 2014 no Brasil, foram estimados 15.590 casos novos de câncer do colo
uterino, com um risco estimado de 15,33 casos para cada 100 mil mulheres. Sem
considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo uterino está entre
os 5 mais comuns em todas as regiões do país. A maior incidência se dá nas mulheres entre
45-49 anos de idade, sendo uma doença de evolução lenta, com um período de
progressão de uma lesão cervical inicial para a forma invasora da neoplasia de
cerca de 20 anos.Com exceção do câncer de pele, o câncer do colo uterino é o
que apresenta maior potencial de
prevenção e cura, quando diagnosticado precocemente.
Desde a década de 60, através dos estudos
de Richart e colaboradores, sabe-se que todas as lesões precursoras conhecidas
como displasias ou lesões cervicais intra-epiteliais, compõem o espectro de uma
única doença, denominada neoplasia cervical intra-epitelial (NIC).
Nos anos 80, vários estudos demonstraram
que tanto o carcinoma escamoso invasor
quanto o adenocarcinoma cervical (os dois tipos histológicos mais comuns no
colo uterino) são causados sobretudo por
tipos específicos de HPV (Human papilloma vírus), que infectam o trato
ano-genital.
As lesões intra-epiteliais são
predominantes nas mulheres em fase reprodutiva, com fatores de risco
característicos de uma doença sexualmente transmissível, entre eles o início
precoce da atividade sexual, número elevado de parceiros sexuais, elevado
número de gestações e tabagismo. O exame de rastreamento ou prevenção do câncer
de colo uterino, também conhecido como exame de Papanicolaou, é um instrumento
importante para a prevenção, de fácil coleta e execução, não requerendo
recursos técnicos sofisticados para sua realização. Outros métodos de detecção
do HPV têm sido desenvolvidos, como a hibridização in situ. A associação dos
métodos disponíveis pode aumentar a detecção, e contribuir com condução
adequada para cada caso. No que se refere ao exame de Papanicolaou, a qualidade
depende diretamente da formação e experiência do examinador, sendo fundamental
que ele tenha um bom treinamento técnico, além de rigoroso controle de
qualidade. No Brasil, o ministério da saúde recomenda o exame de Papanicolaou
entre os 25 e os 64 anos de idade.
Em novembro de 2014, decisão judicial
entendeu que um laudo citopatológico positivo, ou seja, com alterações
celulares, é um diagnóstico médico, e como tal deve ser realizado por um especialista
da área, o médico patologista.
A instituição de programas de vacinação
populacional para o HPV é sem dúvida um instrumento essencial para o combate ao
câncer do colo uterino. As duas vacinas disponíveis no mercado têm ação
profilática, sendo indicada sua administração em meninas pré- adolescentes,
entre 9 e 12 anos, antes que elas iniciem sua atividade sexual. A expectativa é
que programas deste tipo se traduzam em redução da mortalidade causada pela
doença após cerca de uma década, por isso os exames de rastreamento continuam
sendo fundamentais para o controle e diagnóstico precoce da doença.
Luciana Gusmão de Andrade Lima Salomé
Departamento Comunicação Social