Neste mês, a campanha Novembro Azul chama a atenção da
sociedade brasileira para o câncer de próstata. Em 2013, foram registrados
13.772 óbitos diretamente relacionados ao tumor maligno no Brasil, segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apesar dos avanços em pesquisa e
diagnóstico observados nos últimos anos, a informação continua sendo a
principal arma no combate ao câncer de próstata.
A próstata é um órgão integrante do aparelho reprodutor
masculino situado na região pélvica e responsável pela produção de parte do sêmem
(esperma). Normalmente de pequeno volume e situada logo abaixo da bexiga, a
glândula seria um mero detalhe anatômico se não fosse frequentemente acometida
por tumor maligno.
A
lesão se desenvolve preferencialmente em indivíduos acima dos 50 anos, sendo
que mais da metade dos casos diagnosticados ocorre na faixa etária de 65 anos
ou mais. A maioria dos tumores progride lentamente ao longo de anos – por vezes
décadas – de modo que boa parte dos pacientes convive com a doença por muito
tempo antes de apresentar sintomas. Entretanto, uma parcela dos pacientes
apresenta doença agressiva com rápida progressão e surgimento relativamente
precoce. Não é possível predizer quais
pacientes apresentarão doença grave através dos métodos disponíveis atualmente.
Por
não estar relacionado a um fator de risco modificável, não há medidas
preventivas específicas para o câncer de próstata. O sucesso do tratamento
depende em grande parte do diagnóstico precoce, que pode ser realizado através
de exames de rastreamento, ou seja, aqueles utilizados para procurar a doença
antes que os sintomas se manifestem. Dentre eles, destacam-se o toque retal e a
dosagem do PSA (antígeno prostático específico) no sangue. Tais exames podem
ser realizados anualmente pelo médico urologista na população com maior risco
de desenvolver a doença: homens a partir dos 50 anos (ou 45 em algumas
situações). Diante de eventual alteração em um ou ambos os exames, o paciente é
submetido à biopsia de próstata por agulha. O médico patologista é o
responsável pela confirmação do diagnóstico de câncer através de avaliação
microscópica.
Do
ponto de vista epidemiológico, a estratégia de rastreamento populacional para
câncer de próstata não se mostrou tão eficaz quanto aquela realizada na
prevenção e detecção precoce do câncer de colo uterino. Sendo assim, não há
recomendação para rastreamento populacional, ou seja, os homens interessados em
se submeter aos exames devem procurar ativamente um serviço de saúde
especializado em Urologia / Oncologia onde serão devidamente informados sobre os
riscos e benefícios dessa prática para que possam decidir sobre a realização
dos testes. Para maiores informações visite o site http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata.
Enfim,
a campanha Novembro Azul tem na divulgação da informação a maior ferramenta para
contribuir no combate ao câncer de próstata.
Leonardo Cardili
Médico Patologista
Assistente do Departamento de Patologia – EPM/ UNIFESP.
Médico Patologista
Assistente no Setor de Anatomia Patológica do Instituto de Câncer do Estado de
São Paulo (ICESP).