Não
necessariamente. Ou melhor, provavelmente não.
Tumores ósseos podem
ser benignos ou malignos e o simples achado de um tumor, portanto, não
significa estar com câncer. Inclusive porque benignos são mais frequentes. No entanto,
alerta para a necessidade de esclarecer sua natureza imediatamente.
Apesar de pouco
frequentes, os tumores primários ósseos se tornam importantes quando
consideramos que muitos deles, talvez a maior parte, comprometem crianças e
adolescentes, e que o tratamento, no caso dos tumores malignos, pode incluir
uma cirurgia radical, quimioterapia ou radioterapia, com os possíveis severos efeitos
colaterais que estes podem causar.
A primeira
manifestação da presença de um tumor ósseo, na maioria dos casos, é dor
acompanhada ou não da presença de um aumento de volume local. Trauma não causa
tumor, mas provoca dor ao atingi-lo e, inclusive, pode causar fratura em um
osso enfraquecido pelo tumor.
A assistência de médico
especialista em ortopedia oncológica, com base nos achados clínicos e com o
auxílio de um radiologista experiente no exame de doenças ósseas, indicará o
caminho a tomar, que pode ser a realização de uma biópsia, a retirada cirúrgica
de um pequeno fragmento do tumor para exame histopatológico e diagnóstico.
A biópsia pode ser
prescindida ou postergada caso se considere que o tumor está inativo, não é a
causa dos sintomas do paciente, não há risco de fratura e, provavelmente, foi
um achado casual no decorrer de um exame de imagem realizado por outro motivo. Nesses
casos, de qualquer forma, o paciente deve ser acompanhado através de exames de
imagem periódicos para confirmar o comportamento da lesão. Em caso de qualquer
dúvida e em todos os outros casos, a biópsia vai definir o diagnóstico da lesão,
sua natureza e seu provável comportamento.
Para interpretar
corretamente o material de biópsia e chegar a um diagnóstico patológico
fidedigno, o médico patologista necessita de informações clínicas adequadas e
acesso aos exames de imagem do paciente. Sem isso, na absoluta maioria das
vezes, o diagnóstico será, na melhor das hipóteses, aproximado, e a
possibilidade de erro não é desprezível. E, consequentemente, um diagnóstico
falho pode resultar em um tratamento inadequado se não desastroso.
Dependendo do
diagnóstico, o tratamento pode consistir na retirada simples da lesão, caso de
tumores benignos não agressivos; na retirada da lesão com margem de segurança,
no caso de tumores benignos mais agressivos ou mesmo lesões malignas de
agressividade muito baixa; ou em cirurgias radicais, com retirada de um grande
segmento ósseo ou até de amputação seguida ou não de quimioterapia ou
radioterapia, a depender do tipo histológico do tumor.
Em pacientes
adultos e, em especial nos idosos, os tipos mais comuns de tumores malignos
encontrados no osso são o mieloma múltiplo e metástases de tumores primários de
outros órgãos, que não são lesões primárias do tecido ósseo e o tratamento deve
ser dirigido à lesão primária.
Mesmo com a
retirada do tumor, o seguimento do paciente com exames periódicos é importante,
na maioria dos casos, para detectar precocemente uma eventual recorrência e
evitar maiores problemas.
Ricardo K. Kalil - CREMERS 8259
Consultor em Patologia Óssea
A. C. Camargo Câncer Center