Segundo dados do Instituto
Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é o terceiro tumor
mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do
colorretal, e a quarta causa mais comum de morte de mulheres por câncer no
Brasil. São estimados 16.340 novos casos da doença em 2016, com um risco
estimado de 15,85 casos a cada 100 mil mulheres. Até 2030, esse número de novos
casos deve aumentar para 435 mil.
Nesse cenário, o
exame de Papanicolau é de grande importância, principalmente para detectar
precocemente as lesões que precedem o câncer de
colo do útero (displasias) e indicar o melhor tratamento antes do seu
desenvolvimento. Esse teste também pode detectar alterações que indicam a
presença nas células do HPV (vírus do papiloma humano), o mais importante
agente causador do câncer do colo uterino.
Segundo o médico patologista e membro da
SBP, Victor Piana, o teste de Papanicolau conseguiu
reduzir a mortalidade por câncer de colo uterino na população em todos os
países onde foi implantado. “O câncer de colo uterino só não foi eliminado por
completo por fatores como falta de comparecimento das mulheres para a
realização do exame, altas taxas de infecção e reinfecção das mulheres pelo
vírus HPV e as falhas na atenção à saúde, uma vez detectadas as lesões
pré-neoplásicas”, conta.
O especialista, que também
atua como diretor médico do A.C. Camargo
Cancer Center, em São Paulo, ainda aponta que o teste de Papanicolau
deve ser realizado pelo menos uma vez por ano, por todas as mulheres desde o
começo da atividade sexual, até os 70 anos. Entretanto, mulheres que combinem
parceiro sexual fixo e três resultados negativos em três anos consecutivos ou
pesquisa molecular negativa para o vírus HPV podem passar a colher o teste com
intervalos maiores, como a cada três anos.
O exame é simples, rápido
e pode no máximo provocar um pequeno incômodo. Ele é realizado com a coleta de
um raspado de células que revestem a superfície do colo uterino. Essas células são
examinadas no microscópio pelo médico patologista ou sob sua supervisão para
checar se há alguma alteração.
É esse especialista que realiza o trabalho
quase artesanal de observar as amostras coletadas em um microscópio. Diferentemente
dos exames laboratoriais automatizados, ele precisa comparar o que vê com anos
de prática e conhecimento acumulados para verificar se as células representam displasias
de baixo ou alto grau. Cada lesão encontrada tem uma conduta ginecológica
padronizada no sentido de evitar a progressão para o câncer propriamente dito.
Como o câncer de colo do útero tem como
principal agente causador o HPV, transmitido por relações sexuais, os cuidados
para outras DSTs são todos úteis também nesta prevenção. Também foi dado início
à estratégia de vacinação contra o HPV, buscando imunizar adolescentes do sexo
feminino e masculino antes que comecem a vida sexual como uma medida
preventiva. “O uso do da vacina se
iniciou há poucos anos e não há ainda resultados definitivos sobre sua
eficácia, mas as expectativas são muito otimistas”, finaliza o patologista.
Fonte: Dr. Victor Piana de
Andrade – patologista e diretor médico do A.C. Camargo Cancer Center.