Como vimos no texto
anterior (disponível AQUI),
a Patologia avançou apoiada nos ombros de
gigantes por toda a história, desde Hipócrates, na Grécia Antiga, até os
dias atuais. Cada um desses profissionais ajudou
na evolução da especialidade e contribuiu com pequenas e vitais parcelas de
conhecimento. Em todo esse processo histórico, alguns avanços científicos e
tecnológicos foram fundamentais, ajudando a moldar a especialidade como vemos
hoje.
O
primeiro e mais antigo deles é o estudo macroscópico. Em linhas gerais, os patologistas antigos,
assim como os de hoje, analisavam minuciosamente os fragmentos de órgãos e
tecidos retirados dos pacientes na forma de peças cirúrgicas, biópsias ou mesmo
necropsias. Esse exame inicial possibilita até hoje a detecção de alterações
funcionais importantes, dando os passos iniciais para a resolução do intrincado
quebra cabeça das doenças que afetam o nosso corpo.
Entretanto,
a maior revolução na história da Patologia se deu a partir do século XX, com o surgimento
da microscopia. Possibilitada após os avanços da óptica, essa área deu o
impulso necessário para que a Patologia pudesse florescer ainda mais. Foi nessa
época que viveu Rudolf Ludwig Karl Virchow (1804 – 1878), considerado
a maior figura na história da especialidade por ser um dos primeiros a utilizar
o microscópio para a análise de tecidos. Surgia assim a histopatologia,
nomenclatura formada da combinação de três palavras gregas: 'histo' (tecido celular), 'pathos' (doença) e 'logia'(estudo).
Acredita-se que essa ferramenta tenha sido inventada por
volta de 1590 pelos holandeses Hans e Zacharias Janssen, pai e filho,
ambos fabricantes de óculos. Ao
longo do tempo, a técnica de usar lentes para tornar visíveis os segredos nunca
antes vistos por nossos olhos foi sendo aperfeiçoada. O próprio microscópio
sofreu mudanças no seu desenho até chegarmos hoje ao microscópio eletrônico.
Mesmo que
agora tivessem o poder de desvendar as alterações nos tecidos humanos, os
patologistas que se debruçavam sob os primeiros microscópios ainda tinham
bastante dificuldade para identificar exatamente as alterações morfológicas que
levavam ao desenvolvimento das doenças. Para ajudar nesse processo, foi
desenvolvida uma ciência capaz de colorir proteínas específicas, formando a obra de arte que
vemos até hoje em cada lâmina analisada.
Esse processo
conhecido como e imunohistoquímica
floresceu a partir dos estudos de Paul
Ehrlich (1854-1915), disponibilizando
mais corantes e dando cores a diferentes
estruturas que compõem os tecidos.
Mesmo após tantos avanços, a Patologia
não permaneceu estanque. Nos últimos anos, técnicas oriundas da biologia molecular propiciam aos patologistas outras ferramentas poderosas
para o aprimoramento de seus trabalhos. Um exemplo são as análises de DNA e RNA
(o material genético das nossas células) que estão se tornando cada vez mais
comuns e ajudando esses profissionais a desvendar as causas do desenvolvimento
de doenças, assim como prever de maneira cada vez mais precisa o curso que
essas patologias podem tomar e definir tratamentos específicos baseados na
alteração genética que cada tumor possui.
É o caso da hibridização in situ, que analisa o material
genético de cortes histológicos ou esfregaços celulares. Dessa forma, os
patologistas podem identificar e analisar a origem de alterações nas células e
tecidos em seu nível mais básico.
Todas essas técnicas desenvolvidas e aperfeiçoadas ao longo
da história da especialidade compõem o arsenal do patologista moderno, possibilitando
que esse profissional possa, cada vez mais, realizar diagnósticos precisos e
completos. Graças a esse pilar, as demais especialidades e a própria medicina
podem prosperar e oferecer tratamentos cada vez melhores para seus pacientes.
No nosso último texto da série sobre a história da
Patologia, você vai saber mais sobre o desenvolvimento da especialidade no
Brasil e a fundação da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Não perca!